domingo, 28 de fevereiro de 2021

PALMEIRINHAS DE CORAGEM!

Texto e fotos de NOÉ GAMÃO RAMOS

A Gazeta Esportiva Ilustrada nº 24, 2ª quinzena de setembro de 1954

  

Um dos quadros do Palmeiras que disputaram a partida em homenagem a Carlito Miller, ladeado pelo juiz, Urbano Rebello Filho, velho araraquarense, que grandes somas de trabalho prestou ao esporte de sua terra. Atualmente é juiz da LECI em São Paulo

(À vista da dificuldade que a cópia disponível dessa reportagem apresenta para leitura, “Ferroviária em Campo” decidiu fazer a sua transcrição na íntegra dado o interesse manifestado pelos amigos internautas que nos acompanham pelo Facebook e pelo nosso blog. Vamos a ela:)

Afrontou a alta dos preços e construirá um estádio que é um sonho – com isso, Vila Xavier enriqueceu o patrimônio esportivo de Araraquara – mais uma grinalda para a fronte da “Cidade das Rosas” – tocante homenagem ao introdutor do futebol em nossa terra, o inesquecível craque que foi Charles Miller

Depois dessa maravilha de arquitetônica esportiva que é o Estádio da Associação Ferroviária de Esportes, Araraquara, confirmando a sua posição de líder absoluta das grandes iniciativas em prol do esporte no interior, lança a pedra fundamental de mais um estádio que virá projetá-la, ainda mais, no cenário esportivo de São Paulo e do Brasil.

E desta vez a iniciativa merece acolhida mais calorosa, comove mais e mais enaltece o esforço porque parte de um clube considerado pequeno, um clube que está para os grandes de Araraquara como está para os grandes de São Paulo um clube varzeano; o glorioso Palmeiras Futebol (?) Clube da Vila Xavier, que se destaca do anonimato, que foge da penumbra para vir brilhar intensamente ao lado dos maiores grêmios da cidade das rosas.

Fundado há cerca de dez anos, o “Palmeirinhas” viveu, até aqui, em discreta e aparente sombra. Dizemos aparente porque nos bastidores trabalhava-se ativamente para a consolidação do patrimônio do clube, para o aprimoramento de seus esquadrões, preparando-o para lançar-se definitivamente ao encalço da glória. E eis que agora o alviverde da Vila lança-se num impulso vertical em direção à Vitória. Lança-se desassombradamente, titanicamente, imbuído de uma força moral que é, por si só, uma garantia de sucesso. A construção de um estádio, nesta época de encarecimento de material e mão de obra, não é trabalho que entusiasme os tíbios. É tarefa para gigantes que o ex-pequeno clube da Vila aceitou de alma alegre, confiando na sua capacidade de realização e no esforço de seus homens.

 

Cheios de gratidão aos seus benfeitores, os homens do Palmeiras não lhes pouparam homenagens. Distinguiram-nos condignamente. 

O ESTÁDIO “CHARLES MILLER”

O Estádio que o Palmeiras fará construir terá o nome do lançador do futebol no Brasil, o saudoso Charles Miller, o homem a quem devemos a introdução entre nós do esporte que viria empolgar de tal maneira as nossas massas, a ponto de se constituir numa das características da vida nacional. Terá acomodações para a prática de futebol, de cestobol, de hand-ball, de atletismo, sendo ainda pensamento da diretoria encabeçada por esse dinâmico Benedito Correia de Toledo, construir uma piscina, assim que as coisas estiverem recolocadas em seus lugares, após os gastos enormes da construção do estádio propriamente dito.

Está situado em amplo terreno doado pela Prefeitura Municipal de Araraquara e terá capacidade inicial para mais de 10 mil pessoas.

 

Carlito Miller, filho do saudoso introdutor do futebol no Brasil, quando se preparava para lancar o primeiro tijolo do estádio do Palmeiras. No primeiro plano vê-se o sr. Benedito Correia de Toledo, presidente da gloriosa agremiação da "Cidade das Rosas”.

PEDRA FUNDAMENTAL

No dia 3 p. passado, foi lançada a pedra fundamental do novo estádio. Charles Miller Jr., filho do grande esportista falecido, lançou a primeira colher de argamassa e o primeiro tijolo dessa realização que é mais uma confirmação da grandeza dessa cidade onde o sol reside.

Numa cerimônia singela mas tocante, entre o espocar dos fogos e as notas marciais de uma “furiosa” tipicamente interiorana, os palmeirenses viram se concretizar o marco inicial de um sonho longamente acalentado. E, com justificado júbilo, atroaram o ar de Araraquara com as demonstrações de um incontido entusiasmo.

Em seguida, colocou o seu tijolo um grande benfeitor do clube, que, entusiasmado com a grandeza de espírito daqueles jovens esportistas, abriu o livro de ouro pró-construção do estádio com 50 mil cruzeiros, importância que será integralmente aproveitada nas obras. Em seguida, outro doador da importância de 10 mil cruzeiros, colocou o seu tijolo, sendo seguido pelos representantes da imprensa, dentre os quais, honrosamente, encontrava-se o representante de A GAZETA ESPORTIVA ILUSTRADA.

 

Os craques do Palmeiras são portadores de ótimo índice técnico. Aqui vemos um deles ao matar esplendidamente uma pelota.

O Palmeiras apresentou dois conjuntos homogêneos e portadores de um bom futebol. Aqui vemos o quadro que disputou a Taça com seus companheiros.

Transcrição e edição: VICENTE HENRIQUE BAROFFALDI e PAULO LUÍS MICALI

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