Texto
e fotos de NOÉ GAMÃO RAMOS
A
Gazeta Esportiva Ilustrada nº 24, 2ª quinzena de setembro de 1954
(À vista da dificuldade que a
cópia disponível dessa reportagem apresenta para leitura, “Ferroviária em
Campo” decidiu fazer a sua transcrição na íntegra dado o interesse manifestado
pelos amigos internautas que nos acompanham pelo Facebook e pelo nosso blog.
Vamos a ela:)
Afrontou a alta dos preços e construirá um estádio que é um sonho – com isso, Vila Xavier enriqueceu o patrimônio esportivo de Araraquara – mais uma grinalda para a fronte da “Cidade das Rosas” – tocante homenagem ao introdutor do futebol em nossa terra, o inesquecível craque que foi Charles Miller
Depois dessa maravilha de arquitetônica esportiva que é o Estádio da Associação Ferroviária de Esportes, Araraquara, confirmando a sua posição de líder absoluta das grandes iniciativas em prol do esporte no interior, lança a pedra fundamental de mais um estádio que virá projetá-la, ainda mais, no cenário esportivo de São Paulo e do Brasil.
E desta vez a iniciativa
merece acolhida mais calorosa, comove mais e mais enaltece o esforço porque
parte de um clube considerado pequeno, um clube que está para os grandes de
Araraquara como está para os grandes de São Paulo um clube varzeano; o glorioso
Palmeiras Futebol (?) Clube da Vila Xavier, que se destaca do anonimato, que
foge da penumbra para vir brilhar intensamente ao lado dos maiores grêmios da
cidade das rosas.
Fundado há cerca de dez anos,
o “Palmeirinhas” viveu, até aqui, em discreta e aparente sombra. Dizemos
aparente porque nos bastidores trabalhava-se ativamente para a consolidação do
patrimônio do clube, para o aprimoramento de seus esquadrões, preparando-o para
lançar-se definitivamente ao encalço da glória. E eis que agora o alviverde da
Vila lança-se num impulso vertical em direção à Vitória. Lança-se
desassombradamente, titanicamente, imbuído de uma força moral que é, por si só,
uma garantia de sucesso. A construção de um estádio, nesta época de
encarecimento de material e mão de obra, não é trabalho que entusiasme os
tíbios. É tarefa para gigantes que o ex-pequeno clube da Vila aceitou de alma
alegre, confiando na sua capacidade de realização e no esforço de seus homens.
Cheios
de gratidão aos seus benfeitores, os homens do Palmeiras não lhes pouparam
homenagens. Distinguiram-nos condignamente.
O
ESTÁDIO “CHARLES MILLER”
O Estádio que o Palmeiras fará
construir terá o nome do lançador do futebol no Brasil, o saudoso Charles
Miller, o homem a quem devemos a introdução entre nós do esporte que viria
empolgar de tal maneira as nossas massas, a ponto de se constituir numa das
características da vida nacional. Terá acomodações para a prática de futebol,
de cestobol, de hand-ball, de atletismo, sendo ainda pensamento da diretoria
encabeçada por esse dinâmico Benedito Correia de Toledo, construir uma piscina,
assim que as coisas estiverem recolocadas em seus lugares, após os gastos
enormes da construção do estádio propriamente dito.
Está situado em amplo terreno
doado pela Prefeitura Municipal de Araraquara e terá capacidade inicial para
mais de 10 mil pessoas.
PEDRA
FUNDAMENTAL
No dia 3 p. passado, foi
lançada a pedra fundamental do novo estádio. Charles Miller Jr., filho do
grande esportista falecido, lançou a primeira colher de argamassa e o primeiro
tijolo dessa realização que é mais uma confirmação da grandeza dessa cidade
onde o sol reside.
Numa cerimônia singela mas
tocante, entre o espocar dos fogos e as notas marciais de uma “furiosa”
tipicamente interiorana, os palmeirenses viram se concretizar o marco inicial
de um sonho longamente acalentado. E, com justificado júbilo, atroaram o ar de
Araraquara com as demonstrações de um incontido entusiasmo.
Em seguida, colocou o seu
tijolo um grande benfeitor do clube, que, entusiasmado com a grandeza de
espírito daqueles jovens esportistas, abriu o livro de ouro pró-construção do
estádio com 50 mil cruzeiros, importância que será integralmente aproveitada
nas obras. Em seguida, outro doador da importância de 10 mil cruzeiros, colocou
o seu tijolo, sendo seguido pelos representantes da imprensa, dentre os quais,
honrosamente, encontrava-se o representante de A GAZETA ESPORTIVA ILUSTRADA.
Os
craques do Palmeiras são portadores de ótimo índice técnico. Aqui vemos um
deles ao matar esplendidamente uma pelota.
O
Palmeiras apresentou dois conjuntos homogêneos e portadores de um bom futebol.
Aqui vemos o quadro que disputou a Taça com seus companheiros.
Transcrição e edição: VICENTE HENRIQUE BAROFFALDI e PAULO LUÍS MICALI
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