(O goleiro que ficou
definitivamente marcado pela torcida da Ferroviária, após atuação em semifinal
da Taça de Prata contra o CSA)
Ferroviária 1980 - Vica - Tião da Galera - Samuel - Carlos - Zé Rubens - Nandes e Zé Roberto
Paulo Borges - Douglas Onça - Volnei - Washington - Bispo e Galdino
(ferroviariadeararaquara.com.br)
|
Os torcedores mais vividos e experientes na certa jamais
esquecerão da passagem do goleiro Tião
pela Ferroviária. E jamais o perdoarão pela desclassificação do time de
Araraquara, pois o tiveram na conta de “vendido”.
Tião, que em defesa da AFE
passou a ser chamado de Tião da Galera, tomou um gol de bola parada, em
chute tido como defensável, e o tento serviu para decretar a desclassificação
do time, impedindo-o de chegar à final da Taça de Prata de 1980, competição que
equivaleria, hoje, ao Campeonato Brasileiro da Série B.
A revista PLACAR 652, de 19 de novembro de 1982, publicou uma
matéria abordando o assunto, nestes termos:
UMA PARCERIA TIÃO E
TATRAI
Empresário mexicano vai
a Araraquara e mostra interesse no goleiro Tião que, horas depois, enterra o time
contra o CSA. Através de PLACAR, descobre-se: o “mexicano” era Janos Tatrai
Na noite de 7 de maio de 1980, momentos antes da partida
entre Ferroviária e CSA, pelas semifinais da Taça de Prata, o radialista Wagner
Bellini, da Rádio Cultura de Araraquara (SP), entrevistou um empresário
mexicano que dizia estar na cidade a fim de levar o goleiro Tião para o
exterior.
Wagner Bellini |
O tal empresário, que se identificara como “Juan” e falava um
espanhol suspeito, andara durante o dia inteiro pela concentração da Ferroviária,
segundo ele “para iniciar entendimentos com o jogador”. E quando PLACAR
publicou a primeira reportagem sobre a máfia da Loteria, o radialista
espantou-se ao ver a fotografia do tal “empresário mexicano” entre os acusados;
tratava-se na verdade de Janos Tatrai, húngaro de nascimento e destacado
integrante da lista dos 125. Tião, por coincidência, jogara anos antes no CSA.
Mas não por coincidência, Flávio Moreira denunciara a PLACAR que neste jogo
Janos Tatrai “chegara” em Tião.
Janos Tatrai |
Depois da partida, a imprensa de Araraquara não perdoou o
estranho gol que o goleiro tomou de bola parada e que deu a vitória ao time
alagoano. No dia seguinte, o jornal O Diário abriu uma manchete irônica: “O gol foi na gaveta mas o CSA mereceu a vitória”. E, no final do comentário
sobre a partida, o jornal acrescentava com sutil veneno: “Mas Tião é um goleiro vendido. Seu padrinho esteve ontem na cidade
para acertar sua transferência para o futebol mexicano, que mal sabe o que
terá”.
A torcida da Ferroviária também não aceitou aquele frango e
iniciou uma campanha para tirar Tião do time, chamada “Ou ele ou nós”. Com isso, os torcedores deixavam claro que não
mais compareceriam ao estádio da Fonte Luminosa enquanto Tião fosse o goleiro
do clube. Até porque quando foram procurá-lo depois da partida, ele estava
descontraidamente conversando com Tatrai e diretores do CSA.
Os torcedores venceram. Como lembra hoje um diretor, o passe
de Tião estava avaliado em Cr$ 2,5 milhões mas foi vendido por apenas Cr$ 500
mil para o Bangu. “O negócio era tirar ele daqui”, afirmou ao repórter João
Carlos Rodríguez.
Bangu Anos 80 - Em pé é o lateral Tonho. O segundo é Fernandes. O goleiro é Tião, seguindo-se Gilson Paulino e Mococa. Agachados: Marinho, Arturzinho, Fernando Macaé, Mário e Ado. - Que fim Levou? |
Fonte: Revista Placar
Nº 652, de 19 de novembro de 1982
Pesquisa, texto de
abertura, transcrição e edição de Vicente Henrique Baroffaldi e Paulo Luís
Micali
Nenhum comentário:
Postar um comentário