quinta-feira, 10 de março de 2016

EM 1978, UM JEJUM DE GOLS DE 804 MINUTOS


Uma formação da Ferroviária 1978 -  Em pé: Sérgio Bergantin, Samuel, Paulo César, Carlos, Sérgio Miranda e Mauro Pastor; Agachados: Lucas, Washington, João Carlos, Alfredo e Ângelo. Museu da Ferroviária ( Acervo: Ângelo - ex-jogador da AFE)


É, a nossa Ferroviária passou por uma “secura” de gols, conforme palavra usada pelo leal amigo Daniel Henrique. Foi no ano de 1978, no Campeonato Paulista.

A Locomotiva ficou sem assinalar tentos nos oito primeiros jogos do Paulistão. Oito jogos sem gols!!!

Imaginem a ansiedade do narrador Wilson Silveira Luiz ao ficar todo esse tempo de bola correndo sem poder gritar um gol sequer da Ferroviária!...

Cabe recordar também os maus momentos... No caso em questão, momentos que se prolongaram por 804 minutos se considerarmos também o jogo de encerramento da participação afeana na competição anterior, ou seja, o Torneio Incentivo de 1978. Na despedida daquele torneio, a Ferroviária jogou em Marília, contra o MAC, no dia 06 de junho, perdendo de 2 a 1. O gol grená aconteceu aos 44 minutos do primeiro tempo, através de Mauro, o central que se tornaria o Mauro Pastor.

Após esse gol de Mauro, a Ferroviária entraria no Paulistão e ficaria os oito primeiros jogos em jejum, perdendo quatro e empatando outros quatro (0 x 0). 

Eis a sequência de partidas “em branco”:

20.08.1978 – Ferroviária 0 x 1 Palmeiras

23.08.1978 – Francana 0 x 0 Ferroviária

26.08.1978 – Corinthians 2 x 0 Ferroviária

03.09.1978 – Ferroviária 0 x 0 Portuguesa Santista

07.09.1978 – Ferroviária 0 x 1 São Paulo

10.09.1978 – Ferroviária 0 x 0 São Bento

17.09.1978 – América 1 x 0 Ferroviária

20.09.1978 – Ferroviária 0 x 0 Paulista

Até que, finalmente (ufa!), em 24 de setembro de 1978, a torcida grená ouviria novamente o grito prolongado e emocionado de gol do Wilson Luiz, aos 38 minutos do primeiro tempo do jogo em Piracicaba, XV de Novembro 1 x 2 Ferroviária. Existia uma expressão popular, hoje praticamente extinta, quando alguém mostrava insatisfação com alguma coisa; dizia-se: “Vá reclamar com o bispo!”

Pois foi o Bispo quem marcou para a Ferroviária, tirando-a de um sufoco danado de mais de 800 minutos sem faturar gols.

Vamos somar: 46 minutos do jogo contra o Marília pelo Torneio Incentivo + 8 jogos (x 90) do Paulistão + 38 minutos do jogo contra o XV de Piracicaba = 804 minutos.

Diz o Daniel Henrique que o Wilson Luiz ficou uns três minutos gritando gol. Depois de tanto tempo sem essa vibração maior na emoção do gol, tinha de ser, mesmo, um grito bem prolongado. Haja pulmões!

Vamos recordar a ficha técnica desse jogo do alívio, pois além do tento de Bispo, João Carlos faria mais um, aos 15 minutos do segundo tempo, garantindo uma difícil vitória fora de casa contra o Nhô Quim, primeira vitória no certame, na nona apresentação.


Jogo – XV de Piracicaba 1 x 2 Ferroviária

Data – 24 de setembro de 1978, domingo

Local – Estádio Barão de Serra Negra, em Piracicaba (SP)

Finalidade – Campeonato Paulista/1º turno

Árbitro – Joel Teixeira Caires

Renda – Cr$ 73.060,00

Público – 2.544 pagantes

Gols da Ferroviária – Bispo, 38’/1º e João Carlos, 15’/2º

Gol do XV – Nardela, 22’/2º

XV de Piracicaba – Getúlio; Vadinho, Ademir, Ivã e Almeida; Muri, Nardela e Sérgio Zaia (Roberto); Careca, João Luís (Zé Carlos) e Zé Luís

Ferroviária – Aranha; Nei Dias, Mauro, Samuel e Cuca; Paulo César e Washington; Paraná (Galdino), João Carlos, Carlos Henrique e Bispo

Obs.: No XV, presenças do goleiro Getúlio e do meio-campo Muri, com expressivas passagens pela Ferroviária.

Aí está, Daniel Henrique, a rememoração desse episódio, devendo lembrar que na sequência do campeonato a Ferroviária andou fazendo alguns golzinhos, embora, no geral, desenvolvesse uma campanha ruim. Não foi um bom ano para os afeanos, no Paulistão.


  
Fonte:
Acervo de “Ferroviária em Campo”
Foto: Gazeta

Pesquisa, elaboração e edição: Vicente Henrique Baroffaldi e Paulo Luís Micali

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