É, a nossa Ferroviária passou por uma “secura” de gols,
conforme palavra usada pelo leal amigo Daniel Henrique. Foi no ano de 1978, no Campeonato Paulista.
A Locomotiva ficou sem assinalar tentos nos oito primeiros
jogos do Paulistão. Oito jogos sem gols!!!
Imaginem a ansiedade do narrador Wilson Silveira Luiz ao
ficar todo esse tempo de bola correndo sem poder gritar um gol sequer da
Ferroviária!...
Cabe recordar também os maus momentos... No caso em questão,
momentos que se prolongaram por 804 minutos se considerarmos também o jogo de
encerramento da participação afeana na competição anterior, ou seja, o Torneio
Incentivo de 1978. Na despedida daquele torneio, a Ferroviária jogou em
Marília, contra o MAC, no dia 06 de junho, perdendo de 2 a 1. O gol grená
aconteceu aos 44 minutos do primeiro tempo, através de Mauro, o central que se
tornaria o Mauro Pastor.
Após esse gol de Mauro, a Ferroviária entraria no Paulistão e
ficaria os oito primeiros jogos em jejum, perdendo quatro e empatando outros
quatro (0 x 0).
Eis a sequência de partidas “em branco”:
20.08.1978 –
Ferroviária 0 x 1 Palmeiras
23.08.1978 – Francana 0
x 0 Ferroviária
26.08.1978 –
Corinthians 2 x 0 Ferroviária
03.09.1978 –
Ferroviária 0 x 0 Portuguesa Santista
07.09.1978 –
Ferroviária 0 x 1 São Paulo
10.09.1978 –
Ferroviária 0 x 0 São Bento
17.09.1978 – América 1
x 0 Ferroviária
20.09.1978 –
Ferroviária 0 x 0 Paulista
Até que, finalmente (ufa!), em 24 de setembro de 1978, a
torcida grená ouviria novamente o grito prolongado e emocionado de gol do
Wilson Luiz, aos 38 minutos do primeiro tempo do jogo em Piracicaba, XV de Novembro 1 x 2 Ferroviária. Existia
uma expressão popular, hoje praticamente extinta, quando alguém mostrava
insatisfação com alguma coisa; dizia-se: “Vá reclamar com o bispo!”
Pois foi o Bispo quem marcou para a Ferroviária, tirando-a de
um sufoco danado de mais de 800 minutos sem faturar gols.
Vamos somar: 46 minutos do jogo contra o Marília pelo Torneio
Incentivo + 8 jogos (x 90) do Paulistão + 38 minutos do jogo contra o XV de
Piracicaba = 804 minutos.
Diz o Daniel Henrique que o Wilson Luiz ficou uns três
minutos gritando gol. Depois de tanto tempo sem essa vibração maior na emoção
do gol, tinha de ser, mesmo, um grito bem prolongado. Haja pulmões!
Vamos recordar a ficha técnica desse jogo do alívio, pois
além do tento de Bispo, João Carlos faria mais um, aos 15 minutos do segundo
tempo, garantindo uma difícil vitória fora de casa contra o Nhô Quim, primeira
vitória no certame, na nona apresentação.
Jogo – XV de Piracicaba
1 x 2 Ferroviária
Data – 24 de setembro
de 1978, domingo
Local – Estádio Barão
de Serra Negra, em Piracicaba (SP)
Finalidade – Campeonato
Paulista/1º turno
Árbitro – Joel Teixeira
Caires
Renda – Cr$ 73.060,00
Público – 2.544
pagantes
Gols da Ferroviária –
Bispo, 38’/1º e João Carlos, 15’/2º
Gol do XV – Nardela,
22’/2º
XV de Piracicaba –
Getúlio; Vadinho, Ademir, Ivã e Almeida; Muri, Nardela e Sérgio Zaia (Roberto);
Careca, João Luís (Zé Carlos) e Zé Luís
Ferroviária – Aranha;
Nei Dias, Mauro, Samuel e Cuca; Paulo César e Washington; Paraná (Galdino),
João Carlos, Carlos Henrique e Bispo
Obs.: No XV, presenças
do goleiro Getúlio e do meio-campo Muri, com expressivas passagens pela
Ferroviária.
Aí está, Daniel Henrique, a rememoração desse episódio,
devendo lembrar que na sequência do campeonato a Ferroviária andou fazendo
alguns golzinhos, embora, no geral, desenvolvesse uma campanha ruim. Não foi um
bom ano para os afeanos, no Paulistão.
Fonte:
Acervo de “Ferroviária em Campo”
Foto: Gazeta
Pesquisa, elaboração e
edição: Vicente Henrique Baroffaldi e Paulo Luís Micali
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