Eis como se
apresentava a biografia de cada jogador que formava o elenco do Vasco da Gama,
campeão carioca de 1952:
BARBOSA – Moacir Barbosa Nascimento
nasceu em Campinas, São Paulo, em 27 de março de 1921. É casado, mede 1,74 e
pesa 70 quilos. Iniciou sua carreira como infantil do Almirante Tamandaré, aos
12 anos. Mais tarde, de 37 a 41, atuou no A.C.E.A. de L.P.B. Em 1941 e 42 jogou
pelo Ipiranga, para em 1944 ingressar no Vasco. Títulos conquistados: Campeão
carioca em 45, 47, 49, 50 e 52. Diversas vezes campeão brasileiro; campeão
sul-americano de 1949; vice-campeão do mundo de 1950.
AUGUSTO – Augusto da Costa é
carioca, tendo nascido em 22 de outubro de 1920. Mede 1,77 e pesa 71 quilos.
Começou no São Cristóvão, em 1935, como juvenil; permaneceu no clube alvo até
1944, quando se transferiu para São Januário. É funcionário do D.F.S.P.,
servindo na Polícia Especial. Títulos conquistados: campeão carioca, pelo
Vasco, nos anos de 45, 47, 49, 50 e 52. Campeão dos Campeões, tri-campeão
brasileiro pela F.M.F.; campeão sul-americano de 1949 e vice-campeão do mundo
de 1950.
HAROLDO – Haroldo de Magalhães
Castro nasceu no Distrito Federal, em 20 de dezembro de 1931. Mede 1,78 e pesa
72 quilos. Em 1947 foi para General Severiano, não podendo jogar devido à
idade. Começou realmente em 1948, no quadro de juvenis. Em 1951 passou a
integrar a equipe de aspirantes. Na excursão que o Botafogo empreendeu à
Venezuela e Colômbia atuou pela primeira vez no time principal. No Vasco,
estreou contra o Bangu, conseguindo uma espetacular vitória por 6 a 2,
tornando-se, daí por diante, efetivo. Títulos conquistados: bicampeão do
Torneio Paulo Goulart de Oliveira, pelo Distrito Federal. Campeão Sul-Americano
de Amadores de 1949. Campeão brasileiro de juvenis em 1951.
ERNANI – Ernani Ribeiro Guimarães
nasceu no Distrito Federal, em 24 de outubro de 1928. Iniciou a sua carreira
jogando pelo São Bento, e no mesmo ano passou a integrar a equipe de juvenis do
Vasco, tendo conquistado o título da categoria. Jogou apenas uma vez mas está
satisfeito por ter podido colaborar para o grande feito dos vascaínos.
ELI – Eli do Amparo nasceu eu
Paracambi, no Estado do Rio, em 14 de maio de 1921. Mede 1,80 e pesa 82 quilos.
É casado. Começou como juvenil do América, com 17 anos, permanecendo entre os
rubros nos anos de 39 e 40. Neste ano foi para o Canto do Rio, de onde saiu em
45 para o Vasco. Títulos conquistados: campeão carioca de 45, 47, 49, 50 e 52.
Campeão dos campeões de 48; campeão sul-americano de 1949. Vice-campeão do
mundo de 1950.
DANILO – Danilo Alvim é natural do
Distrito Federal, tendo nascido em 3 de dezembro de 1921. Começou a sua
carreira em 1939, no América, onde ficou durante 4 anos. Em 1943 transferiu-se
para o Canto do Rio, retornando um ano depois a Campos Sales. Finalmente
ingressou no Vasco em 1946. Títulos já conquistados: campeão juvenil-amador de
39-40; campeão dos campeões de 48; campeão sul-americano de 49; campeão da
cidade em 47, 49, 50 e 52 e vice-campeão do mundo de 1950.
JORGE – Jorge Dias Sacramento nasceu
eu Recife, em 22 de março de 1924. Mede 1,75 e pesa 68 quilos, é casado e tem
dois filhos. Deu início à sua carreira jogando como infantil do Primeiro de
Maio, clube da várzea pernambucana. Em 40, ingressou no Íris F.C., onde
permaneceu até 43, quando transferiu-se para o Portela F.C., já como
profissional. Em 1945 veio para o Vasco da Gama. Já foi zagueiro e
centro-médio. Títulos já conquistados: campeão carioca p-elo Vasco da Gama, nos
anos de 47, 49, 50 e 52. Campeão de reservas e aspirantes de 45; campeão dos
campeões de 48, título alcançado no Chile, e campeão brasileiro de 46.
BELINI – Hideraldo Luís Belini é
natural de Itapira, São Paulo, e nasceu aos 7 de junho de 1930. Mede 1,81 e
pesa 81 quilos. Começou em 43 em Itapira, na categoria de juvenil. Em 1949 foi
para o Sãojoanense, de São João da Boa Vista, para integrar o primeiro quadro.
Este quadro disputava o Campeonato da Divisão de Acesso da Federação Paulista.
Em 1952, ingressou no Vasco da Gama, e por três vezes atuou pela equipe
titular, tendo enfrentado o Madureira, Canto do Rio e Bonsucesso. Este é o seu
primeiro título.
SABARÁ – Onofre de Souza é paulista,
tendo nascido em Campinas, aos 18 de junho de 1931. Começou no juvenil da Ponte
Preta, em 1942, tendo neste mesmo ano conquistado o título de campeão estadual
da categoria. Em 1948, ascendeu ao quadro principal, assinando o seu primeiro
contrato, com Cr$ 800,00 mensais e Cr$ 10.000,00 de “luvas”. Mede 1,66 e pesa
72 quilos. Pretendido por vários grandes clubes bandeirantes, acabou vindo para
o Vasco, no transcurso deste certame. Custou perto de Cr$ 800.000,00, afora a
cessão de mais três jogadores do plantel vascaíno. No Vasco percebe,
atualmente, 7.000 cruzeiros de ordenado mensal. Títulos conquistados: Campeão
estadual juvenil, em 42; campeão da cidade de Campinas, de 51 e campeão carioca
de 52.
MANECA – Manoel Marinho Alves é
baiano, tendo nascido em Salvador, no dia 20 de janeiro de 1925. É solteiro;
mede 1,75 e pesa 65 quilos. Iniciou sua carreira futebolística em 1943, atuando
pelo juvenil do Galícia, da capital baiana. Em 45 e 46 jogou pelo S.C. Bahia,
de onde saiu para ingressar no C.R. Vasco da Gama. No grêmio da Cruz de Malta,
já jogou em todas as posições do ataque. Títulos já conquistados: bicampeão
juvenil pela Galícia; campeão baiano pelo Bahia; campeão carioca de 45, 47, 49,
50 e 52, pelo Vasco; campeão dos campeões de 48 e vice-campeão do mundo de 50.
IPOJUCAN – Ipojucan Lins de Araújo
nasceu em Maceió, Alagoas, em 3 de junho de 1926. Mede 1,85 e pesa 78 quilos.
Ensaiou os primeiro chutes nos Unidos de Cachambi, onde permaneceu até 1940.
Nos anos de 41 e 42, jogou pelo River, tendo se transferido para o Vasco em
fins de 42. É um autêntico malabarista da pelota, usando e abusando do extraordinário
controle de bola que possui. Títulos conquistados: Campeão juvenil de 44;
tricampeão de aspirantes (45, 46 e 47); campeão de reservas de 48 e campeão de
profissionais de 49, 50 e 52, todos estes títulos conseguidos pelo Vasco.
ADEMIR – Ademir Marques de Menezes é
pernambucano, natural de Recife, tendo nascido em 8 de novembro de 1922. É
casado, mede 1.72 e pesa 70 quilos. Iniciou-se no futebol em 1938, jogando pelo
S.C. Recife. Em 41, veio para São Januário, atuando pelo Vasco até 1945,
transferindo-se neste mesmo ano para o Fluminense, disputando o certame de 46,
pelo tricolor das Laranjeiras, para retornar em 47 ao Vasco. Títulos
conquistados: Campeão infantil e juvenil pelo S.C. Recife; campeão carioca pelo
Vasco em 45, 49, 50 e 52, e pelo Fluminense, em 46. Tricampeão brasileiro;
campeão sul-americano de 49.
EDMUR – Edmur Pinto Ribeiro nasceu
em Saquarema, Estado do Rio, em 9 de setembro de 1929. Mede 1,76 e pesa 70
quilos. Apareceu com destaque no Fonseca, de São Gonçalo. Transferiu-se em 1948
para o Flamengo, onde ficou até 1949. Neste ano foi para o Canto do Rio e
devido às suas boas atuações foi contratado pelo Vasco em 51. Neste campeonato
jogou dez vezes na ponta direita e duas como “in sider” direito. O Campeonato
de 1952 é o seu primeiro título oficial.
ALFREDO – Alfredo dos Santos é
natural do Distrito Federal, tendo nascido em 1º de janeiro de 1920. Mede 1,76
e pesa 73 quilos. Começou sua carreira em 1935, jogando pelo Costa Lobo F.C.,
onde permaneceu até 37, quando foi para São Januário. Estreou na equipe
principal em 39, frente ao poderoso quadro argentino do Independiente, com um
espetacular triunfo por 5 a 2. Já jogou em todas as posições, exceto de
arqueiro – é o homem dos sete instrumentos. Títulos conquistados: campeão
carioca de 45, 47, 49, 50 e 52; vice-campeão do mundo e sul-americano.
CHICO – Francisco Aramburu nasceu em
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, em 7 de janeiro de 1923. Mede 1,70 e pesa 68
quilos. Começou atuando pelo Grêmio Porto-Alegrense, de Porto Alegre. Títulos
conquistados: campeão juvenil de 38, pelo Grêmio; campeão dos torneios de 43 e
46, ainda pelo campeonato gaúcho; campeão carioca de 45, 47, 49, 50 e 52;
campeão dos campeões de 48 e vice-campeão do mundo de 50.
VAVÁ – Edivaldo Ezídio Neto é
conterrâneo de Ademir, tendo nascido no Recife, aos 12 de novembro de 1934.
Começou em 49, no S.C. Recife. Sagrou-se bicampeão juvenil de Pernambuco. Mede
1,75 e pesa 68 quilos. Em 51 veio para o Vasco, como amador, continuando nesta
situação defendendo o grêmio da Cruz de Malta. Jogou duas vezes na equipe
titular, estreando contra o Bangu, marcando o gol da vitória; jogou o prélio de
encerramento da campanha do Vasco, atuando frente ao Olaria. Foi titular da
meia-esquerda da seleção brasileira que disputou as Olímpíadas de Helsinque, em
julho de 1952.
FRIAÇA – Albino Friaça Cardoso
nasceu no Estado do Rio, em 20 de outubro de 1924, na cidade de Porciúncula.
Contudo, iniciou sua carreira futebolística em Carangola, Minas Gerais. Em 45,
juntamente com o seu companheiro de ala, naquela cidade mineira, Elgem,
transferiu-se para São Januário, onde atuando pelo quadro de aspirantes chamou
logo a atenção de todos, como ponta-esquerda. Mais tarde, ascendeu ao quadro
efetivo. Devido à sua versatilidade como jogador é elemento de grande utilidade
para qualquer plantel, pois joga, indiferentemente, em qualquer posição da
linha de ataque. Em 49, integrando o quadro do São Paulo Futebol Clube
sagrou-se campeão bandeirante, retornando ao Vasco em 51. É campeão carioca de
45; paulista de 49; campeão brasileiro; campeão dos campeões de 48; vice-campeão
do mundo em 50 e campeão pan-americano de 51.
JANSEN – Jansen José Moreira é
carioca, tendo nascido em 10 de julho de 1927. Mede 1,72 e pesa 68 quilos.
Jogou este ano como ponta-esquerda. Iniciou-se como juvenil do América em 42, e
um ano mais tarde transferiu-se para o Grêmio da Colina. No Vasco da Gama era
amador; e em meio à temporada foi contratado pelo clube campineiro, Ponte
Preta. Integrou a seleção de amadores que disputou as Olimpíadas de Helsinque,
em julho de 52, como ponta-esquerda, formando ala com Vavá. É campeão juvenil
de 44; aspirantes nos anos de 46, 47, 48 e 49; e profissional de 50, todos os
títulos defendendo as cores do Vasco. Campeão Sul-Americano de Amadores, título
alcançado no Chile em 49; Campeão Sul-Americano Universitário de 1950.
TÉCNICO: GENTIL CARDOSO – A Gentil
Cardoso, quer queiram ou não, cabem os méritos da recuperação dos jogadores
vascaínos. Foi o verdadeiro mago da “ressurreição” do famoso plantel vascaíno.
Um plantel – é bom que se diga – tido e havido como liquidado. Mas os
resultados do trabalho profícuo de Gentil aí estão: o Vasco da Gama campeão da
cidade; e os jogadores, que foram considerados como acabados para o futebol, em
plena forma, foram, quase todos, novamente convocados para a seleção brasileira.
Barbosa, Eli, Danilo, Ademir e Ipojucan, cinco deles, defenderão, mais uma vez,
o renome do nosso “soccer”, em campos peruanos. E estamos certos de que hão de
fazê-lo com o brilho de sempre.
Gentil Cardoso é o mais antigo
“coach” do Brasil, tendo-se iniciado como treinador no Sírio-Libanês, em 1929.
Foi precursor do WM no nosso futebol, numa época em que não se admitia a
sistematização, mentalidade que perdurou durante muito tempo, haja vista a
campanha que sofreu o competente treinador húngaro Dori Kruschner, em 1935.
Declarações
de Gentil Cardoso:
“Embora desde o início de minha
carreira usasse o WM, isto em 1929, no antigo Sírio-Libanês, somente em 32,
quando dirigia o Bonsucesso, comecei a ser alvo de críticas, devido ao meu
método de trabalho. E como era obrigado a vir a público para defendê-lo ganhei
um título: o de falador.”
Sobre ser partidário da
sistematização no futebol, apesar das decantadas virtudes individuais dos
jogadores brasileiros:
“A priori, devo dizer-lhe que a
minha formação naval, em contato com as marinhas inglesa e americana,
ensinou-me que a especialização e o método conduzem a resultados positivos. É
um verdadeiro axioma, e os axiomas não se discutem; são evidentes por si sós...
E as decantadas virtudes dos jogadores nacionais fortalecem a nossa convicção
da especialização, e consequentemente o aperfeiçoamento.”
“E se assim não fosse, não se
lapidariam os gênios...”
Fonte:
Esporte Ilustrado Nº 775, de 12.02.1953, edição especial.
Esporte Ilustrado Nº 775, de 12.02.1953, edição especial.
Elaboração: Vicente Henrique Baroffaldi
Edição: Paulo Luís Micali
Edição: Paulo Luís Micali
Nenhum comentário:
Postar um comentário