É muito curta. Uma historinha. Compreende apenas dois
capítulos, ambos ambientados e desenrolados em março de 1960. Embora pequena,
trata-se de uma história interessante.
A AFE havia
feito uma campanha excepcional no Paulistão/1959. Terminou em 3º lugar, ao lado
do São Paulo e atrás apenas dos super times do Santos e do Palmeiras.
Um futebol clássico, de elevada técnica e aplicação
invulgar, marcado por uma entrosagem admirável e sob o comando do experiente treinador José
Guillermo Agnelli. Assim era a Ferrinha.
Isso tudo despertou o interesse do Fluminense na
realização de dois encontros amistosos, no início de 1960, objetivando o
complemento da preparação do tricolor carioca para o Torneio Rio-São Paulo.
Então foi marcado um primeiro jogo para o Maracanã...
Pela primeira vez em sua história, a Locomotiva
exibia-se no então maior estádio de futebol do mundo. Aliás, uma coincidência
na vida do Maracanã e da Ferroviária: ambos “nasceram” em 1950.
O “Mário Filho”, construído para a Copa do Mundo... a
Ferrinha, fundada graças ao dinamismo e empolgação de Antônio Tavares Pereira
Lima, entusiasmado e inspirado pela própria realização da Copa no Brasil.
1º jogo – Fluminense 3 x 0 Ferroviária
2º jogo – Ferroviária 5 x 1 Fluminense
Com 10 anos incompletos de existência, Maraca e Ferrô
se conheciam. Mas o “vovô” Fluminense era o oponente dos grenás, e a sua
experiência se fez valer: 3 a 0 para o “pó de arroz” naquele 6 de março de
1960, um domingo à tarde.
O placar elástico parece ter deixado o Flu muito
confiante para o segundo prélio, a se realizar em terras de Araraquara.
Foi assim que, dez dias depois, em 16 de março de
1960, uma quarta-feira à noite, a Fonte Luminosa engalanou-se com a presença do
grande clube carioca das Laranjeiras.
A Locomotiva saiu dos trilhos para “voar” qual um
trem-bala. Abateu o poderoso Flu por 5 a 1, devolvendo com juros os 3 a 0 do
primeiro embate.
O “alerta” serviu, e muito, para o tricolor do Rio.
Tanto que, logo em seguida, ele desenvolveu campanha excelente no Torneio
Rio-São Paulo, destacada competição da
época no território nacional, sagrando-se campeão com méritos indiscutíveis (6
vitórias, 2 empates e uma derrota; 22 gols a favor e 12 contra).
Pra se ter uma ideia do significado do feito da AFE, basta dizer que, quatro dias depois
de ser goleado na Fonte Luminosa, o Fluminense recebeu o São Paulo no Maracanã
e impôs uma sonora goleada ao tricolor paulista: 7 a 2. A escalação do Flu nesse
jogo mostra que ele não veio a Araraquara com um time misto.
Apresentamos as fichas técnicas dos dois cotejos entre
AFE e FLU, os únicos da história entre os dois clubes (um, grená e
branco; outro, grená, branco e verde).
Fluminense 3 x 0 Ferroviária – 6 de março de 1960 |
1º jogo – Fluminense 3 x 0 Ferroviária
Data – 6 de março de 1960, domingo à tarde
Local – Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Finalidade – Amistoso Nacional
Árbitro – Antônio Viug (RJ)
Renda – Cr$ 421.764,00
Público – 12.404
Gols – Wilson, Valdo e Jair Francisco
Fluminense – Victor Gonzalez; Jair Marinho, Pinheiro e Edmilson
(Edir); Altair e Clóvis; Maurinho, Telê Santana, Valdo, Wilson (Jair Francisco)
e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira
Ferroviária – Rosan; Porunga, Antoninho e Cardarelli; Dirceu e
Rodrigues; Amaral, Dudu, Baiano, Bazani e Beni. Técnico: José Carlos Bauer
Ocorrência – Amaral (AFE) perdeu um pênalti no segundo
tempo.
Fluminense 3 x 0 Ferroviária – 6 de março de 1960 |
2º jogo – Ferroviária 5 x 1 Fluminense
Data – 16 de março de 1960, quarta-feira à noite
Local – Fonte Luminosa, em Araraquara (SP)
Finalidade – Amistoso Nacional
Árbitro – João Rodrigues
Renda – Cr$ 162.000,00
Gols da AFE – Faustino, Bazani, Baiano, Dudu e Baiano
Gol do Flu – Jair Francisco
Ferroviária – Rosan (Fia); Porunga (Cardarelli), Antoninho e
Walter: Dirceu (Zé Maria) e Rodrigues; Amaral, Baiano (Palico), Bazani, Dudu e
Faustino. Técnico: José Carlos Bauer
Fluminense – Castilho; Jair Marinho, Hércules e Altair; Edmilson
(Jair Santana) e Clóvis; Maurinho (Almir), Paulinho, Wilson (Romeu), Jair
Francisco e Escurinho (Maurinho). Técnico: Zezé Moreira
Ocorrência – Amaral voltou a perder pênalti contra o
Fluminense.
Fontes:
Sites do Fluminense
Arquivo do Prof. Antônio Jorge Moreira
Acervo pessoal
Fotos: Museu do Futebol e Esportes de Araraquara
(Arena Fonte Luminosa)
Texto e
edição: Vicente Henrique Baroffaldi e Paulo Luís Micali
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